naia alban
casa muro
(1997)
Mais uma vez, a ideia da ponte ressurge. A ponte, que nos projetos anteriores pertencia ao espaço interno, aqui vai marcar a volumetria do construído, criando um eixo diagonal, eixo que dialoga com asvisuais do rio. Neste clima semiárido, uma grande parede de pedra calcárea da região fará a proteção de poente. Um hermético muro que abriga, protege, e estrutura um pátio descoberto com sua fonte umidificadora. Uma proteção que trará conforto térmico, aconchego e dramaticidade ao interior da casa.
Aqui a influência veio de Jorge Luiz Borges pela poesia.
PÁTIO
[Trad.: Manuel Bandeira]
Com a tarde
Cansaram-se as duas ou três cores do pátio.
A grande franqueza da lua cheia
Já não entusiasma o seu habitual firmamento.
Hoje que o céu está frisado,
Dirá a crendice que morreu um anjinho.
Pátio, céu canalizado.
O pátio é a janela
por onde Deus olha as almas.
O pátio é o declive
Por onde se derrama o céu na casa.
Serena
A eternidade espera na encruzilhada das estrelas.
Lindo é viver na amizade obscura
De um saguão, de uma aba de telhado e de uma cisterna.